sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

um rascunho de poema pretensioso

escrevo cartas para o poeta morto:
estamos todos em Rockland e não é preciso ser a melhor mente de minha geração para enlouquecer

carros passam pela rua fingindo que não sabem ou não se importam:
moloch eu te dei tudo e tudo que ganhei em troca foi você dizendo que eu não sei dirigir

a américa descansa em meus ombros e de meus irmãos bêbados
a américa descansa em meus ombros e eu espero que ela morra.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

um poema

quem se foi será sempre partida
te sirvo, agasalho de mim mesmo
distante que sou, dizer
que te amo

seu homem está louco.

espectro sóbrio de morte, pois você partiu
ouvi dizer o ano novo em Paris
Cairo: dois dias e dois meses
são luzes eternas na escuridão do hemisfério norte

São Paulo,
______palavras copiadas de um livro de poemas __________________________que você não teve coragem de abrir

dois meses, outubro: seu homem está louco.
dois meses, outubro: acabe por favor

terça-feira, 6 de setembro de 2011

pintei sentimentos:
borrão orgásmico em cores
se buscar significa-ação

quebra além (de)-forma,
significado, tinta e papel.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sem Título

Bota a dor no papel, poeta. Escreve tudo em prosa, porquê poesia, assim como o mundo, é fumaça. Sua dor é pedra, é prosa, é tudo que existe de verdade. Bota no papel, poeta. Porque sabemos que não vai passar. Que vai continuar latejando em seu pescoço. Você vai continuar bebendo demais, pensando demais, fumando demais. E os remédios que você toma uma hora acabam. E o sangue que você tira do seu braço uma hora para de jorrar. Mas o papel está lá. Bota no papel, Tadeu. Que não apaga a ferida tão cedo. Mas uma hora adormece. Bota no papel. Porque você não consegue mais chorar.

Outro poema do livro.

"Visceral"
(ou "Meu Spleen")

desse testamento que não foi lavrado
o nada que é o nada
e se deixa existir em meios.

de memórias exaustas
que escapam aos milhões;
guardo anos e cartas
são souvenirs do oblívio.

das coisas que me são caras:
seu Baudelaire, meu Pessoa.
ambos roídos, são traças e vermes.

do tempo, que é pai do esquecimento;
da apatia, filha da solidão;
do descaso esse,
que é te sentir tanto,
que é querer metade.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Algumas coisas que talvez entrem no livro.

Para Juliana

foi sobre o fim.
sempre tentar:
que sabíamos não ser.

mas que se chame amor:
se em olhos quase negros encontrei o azul dos meus
pois que em olhos quase negros,
encontrei desejo,
e a morte que encoraja o viver.

que se chame amor:
porque se dá e passa,
noutro dia acontece também.




Vá Roubar um Banksy

eu,
que só estou nessa pelo dinheiro,
e entrei pela saída errada:

arte violenta apontada para ricos.
enquanto eles riem,
enquanto eu roubo,
enquanto eles compram,
eles sempre puderam.

enquanto eu tento vender:
mercadoria roubada.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

outrem

um poema
era, de tudo
o menos necessário.
mesmo assim
era o que se fazia,
dentre tantas
coisas, pessoas
era o que se fazia
apenas por fazer.

outro mais
poema e outras
ousem falar
e se dizer desnecessário
ainda assim
é o que se faz,
diz,
É.